31.12.08

2008 foi o ano do lindy hop no Rio de Janeiro, sem dúvida

Quando comecei a dançar, no meio de 2007, existia lindy hop no Rio de Janeiro, sim. Tínhamos excelentes profissionais e dançarinos, mas era um circuito tímido e restrito: a prática mensal de ritmos americanos e meia dúzia de músicas nos bailes do Mauro e da Adriana, e era isso aí: quem quisesse se acabar de dançar tinha que aprender samba, salsa e outros ritmos, pra não tomar chá de cadeira no único baile que atendia nosso gosto peculiar. Muita gente já havia passado pelas mãos do casal, mas concentrar todo esse pessoal e lotar um baile inteiro de gente dançando lindy... difícil!

O movimento começou na segunda metade de 2007: Flavia chegou de Herrang com uma garra e uma vontade de espalhar o lindy hop. Charles, indócil atrás de partners e companhia pra dançar, resolveu ele mesmo ensinar a dança para um grupo tão dedicado que, de alunos, viramos amigos. Levei o moço ao show do Canastra, a moda pegou e saiu dos salões de baile. Agora, não há show da banda sem lindy hop - ou, ao menos, eu e Ana Cristina arriscando passos de charleston solo. Faz sentido.

Na falta de espaços que possibilitassem práticas mais constantes, nos organizamos e, com a poderosa aparelhagem de som de Flávia, ocupamos o Arpoador todos os domingos de sol, à tardinha, depois da aula. Mais gente vinha, olhava e gostava. Mas foi em 2008 que o bicho pegou.

Foi depois do LHAIF. O pessoal chegou da Argentina cheio de contatos, know-how, vontade e pulgas atrás da orelha. Daí saiu o Rio Swing Fest, em fevereiro, aproveitando a passagem do Lennart Westerlund pela cidade. Foram dois fins de semana de workshops intensivos com Lennart, os argentinos Ana e Gastón, os mineiros da Incomodança (que fizeram a SEN-SA-CIO-NAL swing rueda com a gente!!), bailes, cansaço e alma lavada.

A visiblidade aumentou, a demanda aumentou, as aulas ficaram mais freqüentes e em mais pontos da cidade, a quantidade de músicas tocadas no baile aumentou consideravelmente. Em julho, Benjamin Ricard esteve aqui dando apresentações e ensinando a galera a dançar, grupos de estudos de dança começaram a pipocar nos fins de semana aqui e ali, ganhamos a internet com blogs e comunidades no Orkut, e a produção do Swing in Rio começou. Com ela, o buzz.

O evento, em si, foi espetacular e trouxe algo sensacional, que foi o lindy hop virar assunto também aqui na cidade, entre professores e academias de dança (o evento teve um timaço de professores e apoio de academias excelentes e reconhecidíssimas). Então eu comecei a ir a bailes e não ouvia mais "lindy hop? O que é isso?", mas "Lindy hop? Nossa, quero muito aprender".

E tiveram os spin-offs, né? Uma turma excelente de West Coast Swing formada, vários shows de jazz que 'invadimos' pra dançar balboa... não faltou swing esse ano!

Pra fechar 2008 com chave de ouro, meu primeiro professor de dança conseguiu realizar sua idéia fixa de transformar sua casa em um espaço aberto para bailes, aulas, práticas e discussões de como popularizar o lindy hop além das academias de dança de salão.

O que quer dizer que, se hoje o lindy hop tem awareness no meio de quem ensina (e ontem tive uma ótima notícia, que pro ano o lindy hop vai chegar na Ilha do Governador!!), a tendência pra 2009 é estabilizar esse quadro e, quem sabe em 2010, virar modinha mesmo.

Perguntem-me como.

Eu não trabalho com marketing à toa, re, re.

:*

Nos vemos em 2009. E vamos dançar.